Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – foi de 1,04% com alta de 0,11 ponto percentual (pp) em relação a outubro (0,93%). O principal fator de pressão foi a Alimentação, que subiu 2,81%. Entre os produtos, o destaque foi a carne bovina que subiu, no mês, 11,01% e que em quatro meses acumula alta de 26,12%.
Além da Alimentação, a segunda maior taxa foi detectada no Transporte (0,61%). Somente os dois grupos contribuíram com 0,89 pp no cálculo da inflação deste mês.
Os três subgrupos da Alimentação tiveram aumento no mês, sendo maior para produtos in
natura e semielaborados (4,70%) e mais baixo para os produtos da indústria alimentícia (1,12%) e alimentação fora do domicílio (1,59%).
As taxas registradas pelo ICV-DIEESE para os produtos in natura e semielaborados foram bem distintas:
• Carnes (10,79%) – com aumento mais expressivo para a bovina (11,01%) e menor para a suína (6,26%);
• Frutas (6,09%) – com reajustes acentuados no abacate (39,75%), uva (11,83%), limão (9,60%) e laranja (6,93%);
• Aves e ovos (3,35%) – houve alta acentuada nas aves (4,20%) e queda nos ovos (-0,79%);
• Grãos (-3,69%) – foram apuradas quedas tanto no feijão (-5,65%) como no arroz (-2,76%) e
• Legumes (-7,74%) – com queda generalizada em seus produtos, sendo bem acentuada no tomate (-7,72%).
No subgrupo da indústria da alimentação (1,12%), as maiores altas foram observadas para os seguintes bens: açúcar (11,98%), farinha de trigo (5,65%) e óleos (2,55%). A alimentação fora do domicílio (1,59%) apresentou as seguintes taxas em seus itens: refeição principal (2,03%) e lanches (0,98%).
O aumento nas despesas com Transporte (0,61%) se deu unicamente no subgrupo individual (0,89%), resultado do reajuste nos combustíveis (1,49%), notadamente, no álcool (3,84%).
Na Habitação (0,40%), a alta decorreu dos reajustes nos subgrupos: locação, impostos e condomínio (1,00%), devido, principalmente, ao aumento da locação (1,34%) e do IPTU (2,22%). Os subgrupos da operação (0,17%) e conservação (0,15%) do domicílio tiveram pouca alteração em seus valores.
A pequena taxa da Saúde (0,35%) deve-se à variação no subgrupo da assistência médica (0,43%), pois os medicamentos e produtos farmacêuticos (0,07%) tiveram pouca mudança em seus preços.
Índices por estrato de renda
Além do índice geral, o DIEESE calcula ainda mais três indicadores de inflação, segundo tercis da renda das famílias paulistanas. Em novembro, as taxas por estrato de renda foram altas para os estratos 1 (1,17%) e 2 (1,19%), e menor para o 3º (0,94%). As variações deste mês em relação às de outubro apontaram diferenças positivas para os 2º e 3º estratos, 0,11 pp e 0,15pp, respectivamente. O primeiro estrato apresentou comportamento semelhante ao do mês anterior, com apenas -0,01 pp de diferença.
Resultados da inflação nas taxas por estrato
As taxas do ICV segundo cada estrato de renda são distintas, uma vez que resultam da forma como as famílias distribuem seus gastos, que difere de acordo com o poder aquisitivo, e relaciona-se com as diversas variações de preços dos bens e serviços.
A alta na Alimentação (2,81%), que teve origem, principalmente, nos produtos in natura e semielaborados – tais como carnes bovinas e frango – afetaram mais as famílias dos estratos 1 e 2, resultando em contribuições no cálculo de suas taxas de 1,02 pp e 0,96 pp, respectivamente. O impacto na taxa do 3º estrato foi menor, correspondendo a 0,67 pp.
Dado o extraordinário aumento dos alimentos, caso se exclua este grupo do cálculo da inflação, as taxas resultantes seriam: 0,24% para o índice Geral, 0,15% para o estrato 1; 0,23% para o estrato 2 e 0,27% para o estrato 3. Este resultado sugere que os aumentos da alimentação, até o momento, não contaminaram os preços dos demais componentes do ICV.
O aumento ocorrido no Transporte, que teve origem nos combustíveis, causou impacto maior para as famílias com nível de rendimento mais elevado, e gerou contribuições crescentes de acordo com o poder aquisitivo: 0,03 pp, para o 1º estrato, 0,08 pp para o 2º e 0,12 pp para o 3º estrato. Quanto à Habitação, o impacto nas famílias que compõe os diferentes estratos foi semelhante, correspondendo a 0,10pp para o 1º e 2º, e de 0,09 pp para o 3º.
Por sua vez, a alta na Saúde, originária do subgrupo da assistência médica, resultou de contribuições crescentes no cálculo das taxas por estrato à medida que aumenta a renda familiar: 0,03 pp, para o 1º; 0,04 pp, para o 2º e 0,06 pp para o 3º.
Como as taxas dos demais grupos foram relativamente pequenas, não ocorreram diferenças marcantes em suas contribuições por estrato de renda, afetando as famílias de forma relativamente semelhante.
Inflação Acumulada
Nos últimos 12 meses, entre dezembro de 2009 e novembro deste ano, o ICV apresentou alta de 6,31%. Ao se considerar os diferentes estratos, as taxas anuais são maiores para as famílias de menor poder aquisitivo – ou seja, 6,95% para o estrato 1; reduzindo-se com o aumento da renda, ficando em 6,78% para o 2º estrato e em 5,94% para o 3º. O mesmo comportamento pode ser observado para o período de janeiro a novembro, pois a inflação acumulada é de 6,23%, e as taxas por estrato apontaram variações de 7,00% para o 1º estrato; de 6,77%, para o 2º e 5,79% para o 3º.
Comportamento dos preços em 2010
Neste ano, os grupos com aumentos superiores à inflação (6,23%) foram: Alimentação (10,25%) e Habitação (6,38%). Taxas menores foram observadas para: Saúde (5,38%), Educação e Leitura (5,16%), Despesas Pessoais (4,20%) e Transporte (3,76%). Variações acumuladas negativas ou próximas a zero foram detectadas nos grupos: Vestuário (0,08%), Recreação (-0,17%) e Equipamento Doméstico (-0,67%).
Na Alimentação (10,25%), as altas dos produtos in natura e semielaborados (15,23%) foram distintas, com taxa elevada no item grãos (22,64%) devido ao extraordinário aumento do feijão (94,00%), carne bovina (31,08%) e aves (14,29%). Os demais itens variaram em torno da inflação geral, e outros apresentaram oscilações tipicamente sazonais.
Os aumentos no subgrupo da indústria alimentícia (4,97%) foram menores, no entanto, cabe ressaltar a elevação da muzzarela (26,79%), leite longa vida (20,59%), sal (14,33%), farinha de trigo (14,33%) e açúcar (8,21%). O subgrupo da alimentação fora do domicílio apresentou alta de 9,06%, com taxas semelhantes na refeição principal (9,07%) e lanches (9,04%).
Os aumentos nos subgrupos da Habitação (6,38%) não foram homogêneos, sendo acentuadamente maiores para locação, impostos e condomínio (11,03%) e conservação (7,91%), frente à variação da operação do domicílio (3,80%).
A alta na Saúde (5,38%) ocorreu tanto na assistência médica (5,30%) como nos medicamentos e produtos farmacêuticos (5,76%). A taxa do grupo Educação e Leitura (5,16%), provavelmente, não afetará a inflação no restante de 2010, pois é apenas no início de cada ano, que as escolas costumam ajustar seus valores.
No grupo Despesas Pessoais (4,20%), as taxas foram muito distintas entre seus subgrupos: higiene e beleza (2,36%) e fumo e acessórios (6,46%). Variação de preço pequena, em 2010, foi observada no Transporte (3,76%), com taxas díspares em seus subgrupos: no individual (0,46%) e no coletivo (11,96%). Taxa próxima a zero ou deflação foram detectadas nos grupos: Vestuário (0,08%), Equipamento Doméstico (-0,67%) e Recreação (-0,17%), que registraram variações mais acentuadas nos subgrupos: eletrodomésticos (-2,35%), rouparia (-1,70%), produtos da recreação (-1,14%) e roupas (-1,03%).
Comportamento dos preços nos últimos 12 meses
As variações verificadas neste período deram-se de maneira bastante heterogênea entre os grupos, subgrupos e itens que compõem o ICV-DIEESE. Para uma inflação da ordem de 6,31%, a maior alta foi apurada no grupo Alimentação (10,28%). Com variações semelhantes ao índice geral, observou-se Habitação (6,31%), Saúde (5,68%) e Educação e Leitura (5,30%).
Na Alimentação (10,28%), as variações dos subgrupos dos produtos in natura e semielaborados (15,08%) e alimentação fora do domicílio (9,51%) foram elevadas, enquanto a da indústria da alimentação (4,95%) foi bem inferior. Alguns alimentos merecem destaque: feijão (87,94%), alho (35,92%) e carne bovina (30,52%), com alta, e tomate (-30,10%) e cebola (-48,73%) com baixa.
A Habitação (6,31%) apresentou maior alta no subgrupo da locação, impostos e condomínio (10,84%) devido aos acentuados reajustes nos seus itens: condomínio (11,97%) e IPTU (22,52%), uma vez que a locação (5,80%) variou próxima ao índice geral. As taxas dos demais subgrupos foram: 3,77% para a operação e 7,91% para a conservação do domicílio. No grupo Saúde (5,68%), as taxas de seus subgrupos foram equivalentes à inflação: assistência médica (5,66%) e medicamentos e produtos farmacêuticos (5,78%). Na Educação e Leitura (5,30%) a alta teve origem na educação (5,78%), dado que a leitura (-2,27%) apresentou deflação.
Taxas negativas ou pequena elevação foram observadas nos grupos: Equipamento Doméstico (-1,10%), Recreação (-0,09%) e Vestuário (0,14%). Dentre seus subgrupos as maiores quedas foram: eletrodomésticos (-3,34%), rouparia (-1,45%), roupas (-1,32%) e produtos da recreação (-1,02%).
Alimentos in natura e semielaborados respondem pela inflação
A análise do comportamento dos preços dos produtos in natura e semielaborados, nos últimos 12 meses, apontou forte instabilidade que tem origem em diversos fatores: problemas sazonais, questões climáticas ou mesmo aumento da demanda interna e externa.
Em dezembro de 2009, estes alimentos registraram deflação de -0,14%. No entanto, nos quatro meses seguintes, de janeiro a abril, apresentaram altas acentuadas acumulando, neste período, taxa de 7,40%. No quadrimestre seguinte, de maio a agosto, seus preços apontaram queda da ordem de -3,23%, vindo a subir novamente neste último trimestre, em 10,87%.
Este comportamento, de altas e baixas, sugeriu uma análise da série das taxas: Geral, grupo Alimentação e subgrupo dos produtos in natura e semielaborados, que acumuladas em 12 meses, resultaram em níveis inflacionários distintos: Geral 6,31%, Alimentação 10,28% e produtos in natura e semielaborados 15,08%.
Os motivos que justificam o comportamento dos alimentos de forma muito irregular estão relacionados a alguns produtos, cujos preços variaram, ao longo dos últimos 12 meses, por razões diversas conforme a análise das taxas.
O feijão foi o alimento com maior alta anual, atingindo 87,94%. Chama atenção, que suas taxas mensais não aumentaram de forma contínua. Assim, de dezembro de 2009 até fevereiro deste ano seus preços caíram (-5,85%). No trimestre seguinte, de março a maio, observou-se aumento extraordinário de 88,94%, voltando a registrar queda (de -17,85%) entre junho e setembro. Em um único mês, outubro, atinge a cifra de 36,32%, e em novembro seu preço recua 5,65%. Os motivos levantados deste comportamento irregular estão não só associados a questões sazonais, mas principalmente, à quebra de safras devido às intempéries climáticas.
Já o aumento anual de 30,52% da carne bovina está relacionado, em grande parte, à alta ocorrida nos últimos quatro meses (26,12%), devido a questões climáticas, que resultaram em diminuição do abate de boi e, consequentemente, redução na oferta do produto, segundo aponta o Cepea.
O preço do frango, por ser um substituto natural da carne bovina, acompanha, de certa forma, o da carne, com maiores variações positivas nos quatro últimos meses da série (17,25%). Cabe salientar, que as altas taxas de outubro (7,47%) e novembro (4,20%) também refletem, em parte, o aumento de seus insumos básicos como o milho e a soja no mercado internacional.
Os oito primeiros meses da série do óleo de soja apresentaram retração de 10,14%. Porém, o aumento acentuado entre agosto e novembro – de 15,02% – resultou em uma taxa anual relativamente pequena de 3,35%. O preço deste alimento está fortemente relacionado aos valores das commodities como a soja, que subiram muito nos últimos meses no mercado internacional, como resultado das fortes secas.
Quanto ao açúcar, seu preço teve comportamento muito irregular ao longo da série, com altas acentuadas em dois períodos – de fevereiro a março (20,92%) e de outubro a novembro (16,15%). A taxa anual registrou aumento da ordem de 10,91%, pois nos demais meses ocorreram quedas ou pequenas variações. Os preços do açúcar estão fortemente relacionados aos valores internacionais e as exportações deste produto realizadas pela Índia.
Esta pressão dos alimentos sobre a inflação, nestes últimos meses, permite afirmar que este comportamento, em um primeiro momento foi preocupante. Porém, a maioria dos produtos com alta em seus preços teve como principal causa a diminuição da oferta por motivos climáticos, quer seja no Brasil ou no exterior. Portanto, espera-se a normalização da oferta e a volta de seus valores a patamares menores. Não se deve, no entanto, minimizar o aumento da demanda, tanto interna como internacional, que favorece de certa forma a manutenção dos preços em níveis elevados.
Fonte: Dieese