As exportações mato-grossenses atingiram vendas recordes de US$ 9,23 bilhões de janeiro a outubro deste ano. Em apenas dez meses, a receita não apenas ultrapassa todo o volume contabilizado em 2010, US$ 8,45 bilhões, como se revela 9,2% superior. A melhor performance estadual havia sido registrada em 2009, quando os embarques somaram US$ 8,49 bilhões. Mato Grosso se mantém há 15 anos como o maior exportador do Centro-oeste, sendo atualmente o 8° no Brasil.

Quase 80% da receita estadual vieram diretamente do campo, por meio dos embarques do complexo soja (grão, farelo e óleo) e do milho. O complexo soja responde sozinho por 63,7% do total. No acumulado de 2011, dos US$ 9,23 bilhões em vendas, US$ 5,88 bilhões vieram desta commodity. Em segundo lugar, com participação de 15,3%, estão os embarques de milho, que neste mesmo período de comparação apresentam cifras de US$ 1,41 bilhão. No ranking estadual, o terceiro lugar pertence ao complexo carnes (aves, suínos e bovinos), que acumula negócios de US$ 1,08 bilhão e responde por 11,78% das exportações.

Até o momento, a pauta parece seguir imune às turbulências macroeconômicas como a crise mundial – que sufoca os Estados Unidos e alguns países europeus -, o embargo russo – que desde junho proíbe a entrada de produtos de origem animal (suína e bovina) de vários estados, assim como Mato Grosso – e ao câmbio desfavorável ao exportador – já que o dólar esteve na parte do ano, até agosto, desvalorizado perante o real -.

Como explica o economista e consultor em Comércio Exterior, Vitor Galesso, o Estado mantém essa performance porque é um exportador de alimentos, “e mesmo em momentos de crise, o último item a ser cortado é o alimento”. Em função de uma pauta de exportações basicamente dependente do complexo soja, o Estado não tenha se contaminado pela crise norte-americana, por exemplo. A soja, cujo maior comprador é a China, é utilizada pelos importadores como base na produção de ração animal, como também acaba sendo a principal fonte para alimentação humana. “Enquanto os chineses tiverem apetite crescente pela soja, os preços internacionais da commodity se manterão em alta e as exportações mato-grossenses seguirão em ascendência”. Como faz questão se salientar, as exportações não estão imunes como parecem, “nosso desempenho está diretamente atrelado ao apetite chinês, enquanto eles derem conta, continuaremos crescendo”. Questionado sobre o tempo que resta para se aproveitar um mercado tão promissor como este, Galesso é categórico ao afirmar que “estamos falando de uma população gigantesca e que há pouco tempo apenas sobrevivia. Tem pouco tempo que passou a melhorar sua alimentação e cada melhora demanda mais produtos. Há muito espaço para essa população crescer na China”.

Para o secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Pedro Nadaf, outro fator que colabora para a manutenção do ritmo de vendas é a transformação das matérias-primas, que ganham valor agregado, assim como abertura de novos mercados.

Com relação à expansão das cotações do dólar, Galesso explica que a elevação da moeda em si, pouco pôde ser aproveitada pelos exportadores, já que a maioria dos contratos é fechada com muita antecedência e cumprida ao longo do ano. O valor médio do dólar passou de R$ 1,55 (julho) para R$ 1,74 em setembro. “A oscilação fez com que algumas operações fossem aceleradas, como forma de se evitar a alta da moeda. Mas ele não chegou a influenciar positivamente as receitas porque poucos conseguiram aproveitar o pico da moeda”.

MERCADOS – Pouco mais de 50% das exportações foram destinadas à Ásia e 46,9% à União Européia. O coordenador de Comércio Exterior da Sicme, Paulo Henrique Cruz, explica que a China é a maior parceira das exportações no Estado, responsável por 32% de todos os embarques realizados. O bloco Oriente Médio, que aumentou em mais de 57% as compras da pauta estadual, surge como mercado emergente, especialmente o Irã, destino do óleo de soja e do milho.

2011 – O recorde atual é resultado de seis meses nos quais a receita com as exportações contabilizaram mais de US$ 1 bilhão, fato inédito no balanço estadual. O melhor mês foi agosto quando as exportações atingiram US$ 1,11 bilhão. O pior desempenho deste ano foi registrado em janeiro, quando as vendas somaram US$ 484,18 milhões. Na comparação mensal com setembro houve uma sensível queda, já o mês anterior obteve receita de US$ 1,06 bilhão, ante US$ 1,03 bilhão de outubro. Na comparação anual a alta é de quase 90%, já que em outubro de 2010 os embarques somaram US$ 545,78 milhões e passaram a US$ 1,03 bilhão. A Balança Comercial somou US$ 7,96 bilhões em dez meses, cifras 22,76% acima do saldo de US$ 6,48 bilhões em igual período de 2010. As importações aumentaram 69% em relação ao ano passado e contabilizam – com um dólar favorável – a marca de US$ 1,27 bilhão.

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