Um levantamento prometido pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) para apurar o andamento das obras da Copa em Mato Grosso – e detectar eventuais atrasos – ultrapassou em mais de 90 dias o prazo inicial para a conclusão e ainda não foi apresentado.
A iniciativa se arrasta no tribunal desde 18 de setembro do ano passado, quando o conselheiro Antônio Joaquim, relator permanente das contas da Secopa no TCE, liderou uma comitiva que se reuniu a portas fechadas com a cúpula da Secopa no canteiro de obras da Arena Pantanal.
Naquele dia, em coletiva à imprensa, o conselheiro anunciou que uma equipe de auditores iria produzir e apresentar em 30 dias um balanço detalhado sobre cerca de 50 obras previstas ou em implantação na Capital e em Várzea Grande.
“Vamos auditar todas as obras, inclusive as que têm financiamento federal, e apresentar essas informações à sociedade de forma compreensível”, disse então o conselheiro.
A iniciativa, segundo Antônio Joaquim, viria para amenizar a “ansiedade natural da população” em relação à conclusão das intervenções. “Todos estamos vivenciando o caos no trânsito e queremos saber quando as obras serão concluídas”, disse.
Um levantamento produzido à época pela própria Secopa dava justificativas à tal ansiedade ao atestar que apenas 7,3% do valor previsto nas cinco obras da avenida Miguel Sutil (quatro trincheiras e um viaduto) havia sido pago às construtoras contratadas.
Em 25 de outubro, logo após o vencimento do prazo original, o TCE publicou uma nota comunicando a concessão de mais 15 dias à equipe de auditores da Secex-Obras (Secretaria de Controle Externo de Obras e Serviços de Engenharia do TCE).
O motivo, segundo a nota, seriam os "esforços" para concluir o julgamento de todas as contas do exercício de 2011. Mais uma vez, porém, o diagnóstico dos possíveis atrasos, atrasou.
No período, a Secopa alterou o cronograma de quatro obras da Miguel Sutil: as obras de todas as trincheiras foram prorrogadas em quatro meses.
Nesta semana, em entrevista à reportagem do DIÁRIO, Antônio Joaquim disse que a demora na entrega do relatório se deve em parte ao período de recesso no final do ano – que se estendeu de 20 de dezembro a 11 de janeiro.
“Foi preciso ainda conceder um prazo para a Secopa se manifestar, além de proceder com a atualização das planilhas de pagamentos até o mês de dezembro. É algo muito complexo”, disse o conselheiro.
Segundo ele, o trabalho está sendo conduzido com “prudência” e irá demonstrar a “realidade efetiva das obras”. “Vamos apontar eventuais fragilidade, mas sempre com o objetivo de ajudar o governo nesta tarefa.”
Questionado se a demora não poderia tornar o relatório obsoleto, pela falta de tempo hábil para correções de rumo, o conselheiro disse considerar que o risco é “relativo”. “Querendo ou não, o governo está agindo”, opinou.
Sem especificar uma data, Antônio Joaquim disse que o documento será concluído até o final de janeiro.
Fonte: DC