SUS – O desafio de modernizar o Sistema Único de Saúde (SUS) passa, cada vez mais, pelo uso estratégico da tecnologia. No entanto, mesmo com o avanço das chamadas “healthtechs”, startups voltadas à saúde, a integração de suas soluções ao setor público ainda enfrenta entraves estruturais. Burocracia, escassez de recursos e desconhecimento mútuo entre o universo das startups e a gestão pública são obstáculos recorrentes.
Pensando nisso, o Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do hub de inovação Eretz.bio, criou um programa de aceleração que aproxima essas empresas do SUS. A proposta é ambiciosa: capacitar startups para compreenderem a dinâmica da saúde pública e permitir que testem suas tecnologias em um ambiente real, o Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch, administrado pela instituição.
LEIA: Google impõe retorno ao presencial sob ameaça de demissão
Com mentorias em áreas como direito público, economia da saúde e gestão, o programa ajuda os empreendedores a navegar por questões que vão além da inovação. De acordo com Camila Hernandes, gerente de inovação da Eretz.bio, a maioria das startups não possui estrutura ou conhecimento para navegar pelos processos de licitação, o que torna a iniciativa fundamental para inseri-las no setor público.
Entre os mentores estão especialistas como Guilherme Schettino e Vanessa Teich, que orientam os participantes sobre os caminhos mais eficazes para transformar boas ideias em soluções viáveis para o SUS.
Um dos principais diferenciais do programa é o estímulo à realização de estudos de custo-efetividade, ferramenta essencial para que gestores públicos possam tomar decisões com base em dados concretos. Para as startups, esses estudos funcionam como selo de qualidade, facilitando futuras negociações com outras instituições públicas ou privadas.
Responsável por atender cerca de 70% da população brasileira, o SUS lida diariamente com o desafio de oferecer serviços de qualidade em meio à crescente demanda, impulsionada pelo envelhecimento da população e pelo aumento das doenças crônicas. Nesse contexto, adotar tecnologias que sejam ao mesmo tempo eficientes e acessíveis pode significar uma verdadeira revolução no atendimento público.
Ao permitir que inovações saiam do papel e sejam testadas diretamente na ponta do sistema, o projeto do Einstein inaugura um novo modelo de colaboração entre startups e o setor público.
Com a primeira edição já em andamento, a expectativa é expandir a iniciativa para outras regiões do país, ajudando a consolidar um ecossistema de inovação voltado ao interesse público. A proposta, mais do que tecnológica, é cultural: construir pontes entre quem pensa o futuro da saúde e quem, todos os dias, enfrenta seus desafios no SUS.
(Com informações de Tribunal de Minas)
(Foto: Reprodução/Freepik/The Yuri Arcurs Collection)
