Há mais de 10 anos, um projeto de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, que faleceu na quarta-feira (5), aos 104 anos, para a construção de um memorial em homenagem à Coluna Prestes, em Chapada dos Guimarães, a 65 quilômetros de Cuiabá, está engavetado e se perdeu nas secretarias de estado de Mato Grosso. O projeto de Niemeyer foi doado a Mato Grosso pelo filho do comunista Luiz Carlos Prestes, que pretendia construir um marco histórico em um dos locais por onde o movimento passou no estado.
No entanto, o projeto, que previa também a construção de um teatro com capacidade para 600 pessoas, foi arquivado duas vezes. Primeiro, logo após ser doado, em 2001, ao governo de Mato Grosso e à Prefeitura de Chapada dos Guimarães. Na época, a alegação foi a falta de recursos para a execução da obra do centro cultural.
Depois disso, em 2006, o então secretário de Cultura de Chapada, Daniel Pelegrim, encontrou o projeto e decidiu resgatá-lo. "Na minha gestão encontrei esse projeto e pensei: como vamos arquivar um projeto dessa dimensão?", disse Pelegrin. Ele contou que, na época, Luiz Carlos Prestes Filho veio ao estado pela segunda vez. "Foi feito o compromisso de desenvolver e buscar meios para executar o projeto, mas novamente o discurso se esvaziou", lembrou.
No memorial estava prevista, além da construção de um auditório com 600 lugares, para apresentação de teatro, cinema e dança, também deveria haver um espaço para exposição sobre a história da Coluna Prestes e um ambiente para outras exposições temporárias, oficinas de arte e artesanatos, loja, restaurante e um bar, além de uma escultura da imagem de Luiz Carlos Prestes, conforme a Secretaria de Cultura do Estado divulgou à epoca.
Pelegrim afirmou que houve dificuldade em colocar o projeto em prática pela falta de recursos, até mesmo para a contratação de uma empresa para desenvolver projetos básicos de engenharia para então dar início às obras.
"Por mais que tivesse vontade, o município de Chapada é muito pequeno para um projeto dessa dimensão e, sem os projetos de engenharia, não teria como começar a obra", pontuou. Segundo ele, a obra deveria custar cerca de R$ 10 milhões.
Sumiço
Depois de ser analisado e após a troca de três governos, o projeto assinado por Niemeyer desapareceu. Consta no sistema de protocolo do governo do estado que o documento encontra-se na Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Secitec). No entanto, a secretaria informou que o projeto foi encaminhado à Secretaria de Administração do Estado para análise de possível contratação da empresa de propriedade do arquiteto.
Fonte: G1/TVCA