O programa Ciência Sem Fronteira está com as matrículas abertas, mas a falta de domínio da língua inglesa afasta os candidatos da tão sonhada oportunidade de estudar em outro país. O secretário de relações internacionais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor Paulo Teixeira, diz que a grande maioria não domina o idioma, requisito básico para ir estudar em outras universidades, mesmo que a língua falada no país seja outra.
“Esse é problema sério que estamos tendo. Se abre vaga para Portugal, há muitas inscrições. Mas se abre em outro lugar, onde as oportunidades de aprendizagem são até mais ricas, quase não tem alunos inscritos”.
O secretário ainda ressalta a importância de se falar inglês, mesmo que já se tenha uma segunda ou terceira língua. “Muitos cursos são ofertados em inglês, mesmo que seja no Japão ou na França, onde a língua oficial é outra. E é por isso que a UFMT ainda não recebe muitos alunos estrangeiros: nós ainda não ofertamos cursos em inglês e muitos professores não são proficientes na língua”.
Teixeira afirma que com a globalização do conhecimento e rapidez dos meios de comunicação, a universidade tem que formar alunos que saibam lidar com o diferente, com outras culturas. “E isso não se aprende de forma teórica, mas na prática. O estudante tem que ter visão de mundo. É importante que o aluno vivencie outras culturas”.
Dando preferência aos cursos de ciências exatas, biológicas e outras tecnologias, Teixeira explica que as chances de um desses alunos ser contratados por uma empresa multinacional depois de formados é muito grande. “Além de ter que dominar outro idioma, o aluno tem que estar apto a lidar com pessoas de outros países. Para um aluno que morou fora, isso fica muito mais fácil”.
PROGRAMA – Com o objetivo de trazer o avanço da ciência e tecnologia para o Brasil, o programa Ciência sem Fronteiras banca as despesas de estudantes de graduação e pós-graduação, durante um ano, em uma universidade do exterior. Somente de Mato Grosso, 75 alunos já foram beneficiados com uma bolsa.
De acordo com os dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior mostram que, no total, foram aproximadamente 484 mato-grossenses inscritos no programa.
O Ciência Sem Fronteiras, criado em julho de 2011 com o objetivo de incentivar bolsas de iniciação científica e projetos científicos no exterior, pretende mandar, até 2014, 101 mil estudantes para outros países.
Para se inscrever e ser beneficiado pelo Ciência Sem Fronteiras, o candidato deve preencher a ficha de inscrição disponibilizado na chamada do site do programa (www.cienciasemfronteiras.gov.br). Depois de inscritos, a universidade de origem no Brasil vai aprovar ou não o aluno por meio da análise do mérito acadêmico.
Se aprovado, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq) ou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) confere os dados do estudante e confirma ou não o entendimento aos requisitos do programa como: conclusão de no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o curso de graduação, proficiência em língua estrangeira exigida para cada país, se o curso de graduação no qual o aluno está matriculado está incluído entra as áreas prioritárias contempladas pelo programa.
Em relação às modalidades de pós-graduação, o processo de seleção requer a apresentação de um projeto de pesquisa.