Europa prepara euro digital semelhante ao PIX para diminuir dependência americana

Nova carteira eletrônica busca reduzir domínio de sistemas de pagamentos norte-americanos, como Visa e Mastercard, e terá respaldo do Banco Central Europeu

Euro digital – Os ministros de Finanças da União Europeia aprovaram na sexta-feira (19) em Copenhague, na Dinamarca, um plano para viabilizar o euro digital. A medida pretende diminuir a dependência do bloco em relação a sistemas de pagamento norte-americanos, como Visa e Mastercard.

A iniciativa, conduzida pelo Banco Central Europeu (BCE), prevê a criação de uma carteira eletrônica garantida pela instituição. O objetivo é oferecer uma alternativa às grandes bandeiras de cartões e responder à expansão das stablecoins atreladas ao dólar, que ganharam força durante o governo de Donald Trump.

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Com essa configuração, o Euro Digital se aproxima mais do funcionamento do PIX brasileiro do que do Drex, projeto do Banco Central do Brasil voltado ao real digital, que não será usado amplamente pelo público. O cenário é marcado por tensões: os EUA já lançaram ofensivas contra o PIX, alegando risco ao domínio das bandeiras americanas Visa e Mastercard.

Resistências e incertezas

Apesar do apoio político, o plano europeu enfrenta objeções de parlamentares e instituições financeiras do continente. As principais preocupações estão ligadas a impactos na liquidez bancária, custos elevados de implementação e questões de privacidade. Até o momento, o BCE não obteve o aval legislativo necessário para avançar.

O encontro em Copenhague, com a presença da presidente do BCE, Christine Lagarde, e do comissário europeu Valdis Dombrovskis, representou uma etapa importante das tratativas. Ficou decidido que caberá aos ministros aprovarem a emissão da moeda digital e definirem o teto de euros digitais que cada cidadão poderá manter — regra considerada essencial para evitar corridas bancárias. O BCE deverá submeter essa proposta de limite ao Conselho de Ministros da UE.

A Comissão Europeia apresentou um projeto de lei em junho de 2023, mas o texto ainda precisa da aprovação do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia. A expectativa é de que o Conselho finalize sua parte até o fim deste ano, abrindo caminho para que o BCE disponha de um marco legal até junho de 2025. Se o cronograma for cumprido, o lançamento do euro digital pode ocorrer entre dois anos e meio e três anos depois dessa etapa.

Para Christine Lagarde, a iniciativa tem alcance político além do aspecto financeiro. “O euro digital é também uma declaração política sobre a soberania da Europa e sua capacidade de lidar com pagamentos, inclusive transfronteiriços, com infraestrutura e soluções próprias”, afirmou.

(Com informações de Convergência Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/ededchechine)

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