A Dell disse não aos modelos das oponentes IBM e HP e só o tempo dirá se ”jogada” foi a certeira. Nesta segunda-feira, 12/10, feriado no Brasil, a empresa de Michael Dell, que em 2013, passou por uma virada estratégica e fechou capital, anunciou a compra da EMC, que vinha adotando um modelo diferente de gestão, ao apostar no conceito de federação dando autonomia às suas subsidiárias, no caso VMWare, RSA e Pivotal, por US$ 67 bilhões, a maior transação no mercado puro de TI – a compra da Time Warner pela AOL por US$ 106 bilhões, fechada em 2000, ainda é a maior do segmento de TICs.
O CEO e fundador da Dell, Michael Dell vai se tornar chairman e CEO da nova companhia, resultado da fusão. O atual CEO da EMC, Joe Tucci, deixará o cargo quando a fusão se completar, o que deve acontecer até meados de 2016. É evidente que o negócio teve como grande apelo o segmento de data centers, que vem crescendo, mesmo com a economia mundial em retração. A principal rival dessa nova companhia é a Cisco, que lidera o mercado de grandes servidores para a Internet. Empresas como Facebook e Amazon.com são o alvo com os seus data centers com servidores sem grife.
O acordo de fusão incluiu uma provisão ”go-shop”, que permite que a EMC solicite propostas de outras partes e pague uma taxa de rompimento com desconto se o negócio for feito com outra companhia. Muito se especula que a Dell, com a compra da EMC, vai abandonar o mercado de PCs, que passa por um momento de baixa nas vendas.
A Dell também não entrou e disse que não entrará no mercado de smartphones. A companhia deixa claro que esse não é o seu negocio. No Brasil, com a EMC, a Dell passa a ter grandes clientes no seu negócio e entra com força no mercado de computação em nuvem e big data. A companhia também assume um Centro de Excelência em Pesquisa e Desenvolvimento, com especialidade em big data, no Rio de Janeiro. Com a aquisição,a Dell passa também a produzir storage no Brasil.
E define um lugar no mercado de data centers, que de acordo com o índice global da Huawei, aqui, está muito atrasado em relação aos dos países em desenvolvimento. A Dell, no final de 2014, deixou claro que não concorreria com os seus clientes – ou seja- não teria data centers próprios, como IBM e HP – para oferecer serviços. Agora é ver se essa estratégia continuará valendo com a incorporação da EMC, que em dois anos deverá desaparecer do mercado.
Pesquisa recente da Embratel/Teleco revela que o Brasil pode ser um diferencial nessa estratégia de data center da Dell/EMC.Aqui, os serviços de Cloud Computing cresceram de 8% para 17% das empresas pesquisadas. O uso se dá principalmente em aplicações de segurança, e-mail, armazenamento e backup.
Em data center, o levantamento indica boas oportunidades para os serviços de armazenamento, uma vez que 75% das empresas consultadas ainda utilizam servidores internos e 13% dos entrevistados armazenam informações nos computadores dos próprios funcionários. A hospedagem externa é uma realidade apenas 7% das 400 companhias de todos os portes entrevistadas no Brasil.
Fonte: Convergência Digital