Crise na hora de nascer: Hospital superlotado

A superlotação em suas dependências levou um hospital privado de Cuiabá a pedir uma fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM). Enquanto a Organiza&cc

A superlotação em suas dependências levou um hospital privado de Cuiabá a pedir uma fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM). Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os hospitais trabalhem com aproximadamente 85% da capacidade, reservando os outros 15% para emergências, o Hospital Santa Helena, referência em maternidade no Estado e conveniado ao SUS, está atuando com 110% da capacidade.

Segundo a presidente do CRM, Dalva Alves Neves, faltam leitos em todos os hospitais da Capital. “Falando apenas de maternidade, o município precisaria de pelo menos três vezes o número que tem. Se for levado em consideração que Cuiabá atende casos de Várzea Grande, Chapada dos Guimarães e outras cidades do interior, aí o aumento deveria ser ainda maior.”

Para Neves, o principal fator da lotação do Santa Helena é porque as outras unidades de saúde contratadas pela prefeitura para realizar atendimentos em maternidade pelo SUS não têm cumprido os contratos e recebido as pacientes. “Fizemos a vistoria e vamos encaminhar os relatórios para as secretarias de Saúde do estado e do município, Ministério Público Estadual (MPE) e a Vigilância Sanitária. Estamos também levantando dados para verificar por que os outros hospitais não estão recebendo as gestantes e os encaminhamentos têm sido redirecionados apenas para o Santa Helena”.

O diretor do hospital, Marcelo Sandrin, diz que em seus 30 anos de unidade, nunca passou por uma situação tão perturbadora, o que o forçou a solicitar o auxílio do CRM. “Não temos saída: ou atendemos ou vamos deixar a grávida ter o filho na porta do hospital. O governo nos paga um valor por um numero ‘x’ de leitos, mas recebemos quase o dobro de atendimentos pelo SUS. Não é falta de pessoal, é espaço físico mesmo. O poder público faz a transferência do dinheiro e acha que não tem mais responsabilidade pelas pessoas?! Tem que se pensar em outras saídas.”

Segundo Sandrin, apenas a criação de novos leitos na Capital resolveria a situação. “Temos realizado por volta de 900 procedimentos por mês – entre partos normais, cesáreas e outros procedimentos. Fazemos 1,2 mil internações mensais quando temos capacidade para fazer apenas mil. O leito não esfria e já é ocupado. Não tem nem como os acompanhantes das gestantes ficarem no local. Temos até realizado duas a três altas por dia para abrir vagas, mas isso por si só não resolve nada”, afirmou.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Médicos (Sindimed) do Estado de Mato Grosso, Elza Queiroz, em 2009 foi constatado que faltavam cerca de 2 mil leitos em MT. Do ano da pesquisa até agora apenas uma unidade nova foi construída, abrindo vaga para 70 leitos. Porém cerca de cinco hospitais fecharam apenas em Cuiabá. “Todo o sistema de saúde está falido, como não se faz um atendimentos primário de qualidade nos PSF’s (Posto da Saúde da Família), por exemplo, o engodo vai descendo em cascata. Em Cuiabá o PSF cobre 50% da população, a OMS exige o mínimo de 80%”.

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