Redes sociais – Depois de anos de intensa exposição nas redes sociais, um novo comportamento começa a ganhar força: o silêncio digital. A tendência, observada por pesquisas recentes e discutida pelo escritor Kyle Chayka em entrevista à BBC, aponta para uma possível transição rumo ao que ele chama de “postagens zero” — um cenário em que o ato de compartilhar a própria vida online deixa de fazer sentido para a maioria das pessoas.
De acordo com Chayka, especialmente entre os adultos da Geração Z, há um visível recuo na frequência de postagens. O que antes era uma extensão natural da vida social — fotos com amigos, momentos do cotidiano, registros de viagens — vem sendo substituído por um mar de conteúdos gerados por marcas, influenciadores e, mais recentemente, por inteligência artificial.
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As redes, que já foram vistas como espelhos da vida pessoal, hoje se assemelham mais à televisão, segundo o autor. Para ele, a lógica atual privilegia anúncios e entretenimento passivo, afastando o usuário comum da vontade de se expor.
A mudança também reflete uma revisão da relação das pessoas com a própria privacidade. A ideia de que os jovens não se importam em compartilhar tudo publicamente parece estar sendo revista. Muitos preferem agora os bastidores: conversas em grupos fechados, mensagens diretas e aplicativos com interações mais íntimas e efêmeras.
Do ponto de vista das plataformas, isso não representa exatamente um problema — pelo menos por enquanto. Enquanto os usuários permanecerem consumindo conteúdo, o modelo de negócios baseado em publicidade continua funcionando. E se depender da indústria, o espaço deixado por quem deixou de postar deve ser ocupado por conteúdos gerados por IA, mais baratos e praticamente ilimitados.
Para Chayka, o ciclo de superexposição chegou ao limite. Ele prevê que, em breve, redes sociais se parecerão ainda mais com canais de mídia tradicionais, enquanto o aspecto relacional tende a migrar para outros formatos, como os grupos privados e, quem sabe, o mundo real.
A tendência ao silêncio, portanto, não é um abandono completo da internet, mas sim uma mudança no modo como nos conectamos — e no quanto estamos dispostos a sermos vistos.
(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik/Escapejaja)