Conexão gratuita no celular reacende disputa entre EUA e China

Serviço da Starlink já permite envio de mensagens via satélite em celulares compatíveis, mas presença da rede preocupa potências rivais como China

Conexão gratuita – A partir de agora, usuários de celulares compatíveis podem contar com conexão via satélite gratuita, graças a uma nova fase do projeto Starlink. O serviço foi ativado na quinta-feira (31) nos Estados Unidos, resultado da parceria entre a empresa de Elon Musk e a operadora T-Mobile.

A funcionalidade já está disponível para diversos modelos de iPhone, Samsung, Motorola, Google Pixel e aparelhos próprios da T-Mobile. A conexão, por enquanto, permite apenas envio e recebimento de mensagens de texto (SMS), compartilhamento de localização em tempo real e chamadas de emergência — mesmo em locais completamente sem sinal da rede tradicional.

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A expansão para chamadas de voz e navegação na internet ainda não foi implementada, mas está nos planos da SpaceX.

Para usar o serviço, não é necessário instalar antenas, aplicativos extras ou acessórios. Basta que o celular esteja atualizado e com a função de conexão com redes emergenciais ativada. Quando o sinal da operadora convencional for perdido, o aparelho passará automaticamente a se conectar à rede de satélites da Starlink. Uma mensagem será exibida na tela, confirmando a conexão.

Lista de celulares com acesso à rede via satélite

iPhone
– Modelos das linhas iPhone 14, 15 e 16

Samsung
– Séries Galaxy A14 a A54
– Galaxy S21, S22, S23 e S24, inclusive edições Fan e Ultra
– Linha dobrável Z Flip e Z Fold, das versões 3 a 6

Motorola
– Razr 2024
– Moto G Stylus 5G 2024

Google
– Pixel 9 Pro Fold

T-Mobile
– REVL 7 5G e REVL 7 Pro 5G

Internet de emergência ou ferramenta geopolítica?

Embora o lançamento traga benefícios imediatos ao público — sobretudo em áreas remotas, desastres naturais ou apagões de rede — o avanço da Starlink em escala global tem gerado crescente inquietação entre especialistas e governos, especialmente em países rivais dos Estados Unidos.

A China, por exemplo, tem ampliado sua vigilância e estudos estratégicos para conter a expansão da constelação de satélites da SpaceX. Pesquisadores civis e militares do país veem a rede como uma potencial ameaça à soberania nacional, sobretudo pela integração da Starlink em operações militares norte-americanas.

Estudos divulgados recentemente por instituições chinesas revelam projetos de desenvolvimento de tecnologias capazes de rastrear, sabotar ou até danificar os satélites de Musk. Entre as iniciativas, estão o uso de lasers furtivos disparados de submarinos, lançamento de satélites espiões equipados com materiais corrosivos e até a criação de deepfakes para enganar sistemas de identificação espacial.

Corrida espacial e soberania digital

Mesmo sem operar oficialmente em solo chinês, os satélites da Starlink sobrevoam constantemente áreas estratégicas como Pequim e Taiwan, o que acendeu o alerta em agências de defesa chinesas. Simulações conduzidas por universidades ligadas ao Exército do país mostram que a rede tem capacidade para manter cobertura robusta em situações de conflito ou crise — algo que poderia reforçar a capacidade de vigilância e reação dos EUA.

Como resposta, o governo chinês criou projetos próprios para competir com a Starlink. Entre eles, a megaconstelação Guowang, que já tem 60 satélites em operação e prevê o lançamento de 13 mil, e a Qianfan, que já colocou 90 satélites em órbita com planos de chegar a 15 mil. Ambas as redes visam garantir autonomia tecnológica e disputar mercados estratégicos na Ásia, África e América Latina. Um acordo com o Brasil para fornecimento de comunicações via satélite já foi firmado.

O poder de uma empresa privada

A desconfiança em relação ao poder concentrado nas mãos de Elon Musk não é exclusividade da China. Mesmo entre aliados dos EUA, crescem as preocupações com a dependência de uma infraestrutura crítica controlada por uma empresa privada com interesses próprios.

A SpaceX, além de operar a Starlink, mantém contratos bilionários com agências civis e militares dos EUA, tornando-se um dos principais eixos da estratégia espacial norte-americana. O cenário levanta questões sobre segurança de dados, monopólio tecnológico e equilíbrio de poder geopolítico.

Disputa orbital e os próximos passos

Para analistas internacionais, o embate em torno das megaconstelações de satélites marca uma nova era de disputa tecnológica e diplomática. A disputa pelo controle do espaço orbital envolve não apenas avanços técnicos, mas também regras internacionais, pressões políticas e riscos de conflito cibernético.

Se, por um lado, a Starlink conecta áreas remotas e oferece soluções de emergência inovadoras, por outro, torna-se símbolo de uma nova geopolítica espacial, onde soberania, vigilância e autonomia tecnológica estão cada vez mais entrelaçadas.

(Com informações de Folha Vitória Vitória e CPG)
(Foto: Reprodução/Freepik/Dragana_Gordic)

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