Vírus – Uma equipe de cientistas fez uma descoberta surpreendente durante a coleta de amostras de água do rio Paraguai, no Pantanal. Eles identificaram um novo vírus, classificado como o maior com cauda já descrito até hoje.
Nomeado de Naiavírus, o organismo mede cerca de 1.350 nanômetros (nm). Embora invisível a olho nu, essa dimensão é muito superior à média dos vírus conhecidos, que varia entre 20 e 200 nm.
LEIA: Do código ao nocaute: batalhas de robôs viram atração no coração da tecnologia
Vírus não oferece risco a humanos
De acordo com informações da Agência FAPESP, os pesquisadores analisaram 439 amostras até encontrar vestígios do vírus na região de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul. Diferente de agentes patogênicos que afetam pessoas, como influenza ou coronavírus, o Naiavírus infecta exclusivamente amebas.
Além do tamanho inusitado, sua estrutura inclui um corpo recoberto por um “manto” e uma cauda flexível que pode se dobrar e alongar. Esse apêndice atua como ferramenta para se aproximar das amebas e facilitar a infecção.
Outro aspecto de destaque é o tamanho do genoma: quase 1 milhão de pares de bases de DNA. Grande parte dos genes não possui equivalência conhecida, e alguns desempenham funções que antes se acreditava restritas a organismos complexos, como bactérias e eucariotos — o que sugere reflexos de processos evolutivos antigos.
Importância da descoberta
Os cientistas apontam que as proteínas do Naiavírus têm origem em uma divergência muito remota, próxima ao surgimento da vida na Terra. Há expectativa de que esses componentes possam ser explorados para o desenvolvimento de fármacos e enzimas de relevância biotecnológica.
A pesquisa também pode contribuir para desvendar questões centrais da biologia, como a eucariogênese — o processo de formação dos núcleos em células primitivas eucarióticas.
Os resultados foram divulgados em artigo publicado na revista Nature Communications.
(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/vladimirzotov)