China lança novo visto de trabalho voltado a talentos em tecnologia

Com endurecimento das regras para estrangeiros nos EUA, chineses buscam competir na atração de profissionais de TI

China – A China deu mais um passo em sua estratégia para se tornar líder mundial em inovação tecnológica. O país lançou o visto K, uma nova modalidade de autorização voltada a profissionais estrangeiros das áreas de ciência e tecnologia, que promete facilitar a entrada de talentos internacionais e ampliar as oportunidades de trabalho no país.

Com exigências mais flexíveis e o objetivo de reduzir a dependência dos Estados Unidos, o visto K reforça a corrida chinesa pela liderança em inovação.

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Especialistas comparam o visto K ao famoso H-1B, dos Estados Unidos. A principal diferença, no entanto, é que o visto chinês dispensa a necessidade de uma oferta de emprego prévia, tornando-se mais acessível para estrangeiros em busca de oportunidades internacionais.

A iniciativa surge em um momento em que as políticas de imigração norte-americanas se tornaram mais restritivas. Sob o governo de Donald Trump, as taxas do H-1B chegaram a US$ 100 mil (cerca de R$ 532 mil), afastando muitos candidatos e abrindo espaço para a China se posicionar como uma alternativa mais acessível.

A aposta chinesa na inovação

A inovação é considerada prioridade pelo Partido Comunista Chinês, que vem investindo pesadamente em inteligência artificial, semicondutores e robótica, oferecendo incentivos e subsídios para atrair pesquisadores e engenheiros de ponta.

Para Barbara Kelemen, diretora da consultoria Dragonfly, “o endurecimento das políticas de imigração nos EUA é visto como chance de a China se apresentar como destino acolhedor para talentos e investimentos estrangeiros”.

Ainda assim, o país enfrenta desafios internos, como o alto desemprego entre jovens e a falta de profissionais especializados. Mesmo diante desses obstáculos, cresce o número de cientistas e engenheiros, inclusive sino-americanos, que retornam à China, motivados por essa nova fase de abertura.

O novo programa divide opiniões dentro da própria China. Enquanto autoridades enxergam a medida como essencial para o avanço tecnológico, muitos jovens locais temem um aumento na concorrência por vagas.

De acordo com o Shanghai Observer, há “uma lacuna entre candidatos qualificados e a demanda por trabalhadores especializados”, espaço que o visto K poderia ajudar a preencher.

Entre os principais benefícios para estrangeiros, estão:

• Dispensa de oferta de emprego prévia;
• Facilidades para profissionais de tecnologia e pesquisa;
• Incentivos governamentais em setores estratégicos;
• Maior abertura para talentos internacionais.

Desafios

Apesar do entusiasmo, o visto K não elimina barreiras históricas. Questões como a língua, a censura na internet e as diferenças culturais continuam sendo entraves para a plena integração de estrangeiros.

Em 2023, apenas 711 mil trabalhadores estrangeiros residiam na China, um número pequeno em relação à população de 1,4 bilhão de habitantes. Além disso, as tensões geopolíticas com países vizinhos, como a Índia, ainda influenciam na decisão de muitos profissionais que cogitam se mudar para o país.

Esses fatores mantêm os Estados Unidos como destino preferencial para boa parte dos talentos estrangeiros, mesmo diante das dificuldades impostas pelas políticas de imigração norte-americanas.

(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/cocfanssejati)

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