CAB Cuiabá: Reestruturação elimina 15% empregados

A concessionária local de serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto, CAB Cuiabá, anunciou na tarde de ontem o corte de 88 funcionários, mão-de-

A concessionária local de serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto, CAB Cuiabá, anunciou na tarde de ontem o corte de 88 funcionários, mão-de-obra 100% remanescente da antiga Sanecap. Com a demissão, a Companhia elimina de uma só vez cerca de 15% do quadro atual, que passa de 589 funcionários para 501. Com foco na modernização e automatização da sua gestão na Capital, as contratações a partir de agora não serão na mesma proporção das baixas e demandarão pessoal qualificado.

A eliminação atinge funcionários que eram concursados, contratados e terceirizados pela Sanecap e pela Idep/Oros e abrange todas as funções, de leiturista, a motorista, pessoal do call center e apoio administrativo. O corte já vinha sendo desenhado há meses tanto pela empresa quanto pelos remanescentes, mas deveria ser feito de forma gradual até janeiro. No entanto, um acordo permitiu a antecipação das demissões, mediante garantias trabalhistas proporcionais ao tempo de permanência que restavam ao trabalhador. Em janeiro deste ano, após concorrência pública para concessão da estatal cuiabana, a empresa paulista, ligada ao Grupo Galvão – da construção civil -, venceu a concessão e desde abril deste ano assumiu o controle do abastecimento de água e do tratamento do esgoto.

Conforme o diretor-geral da CAB Cuiabá, Ítalo Jóffily, os desligamentos foram definidos “após um longo trabalho de análise de perfil de cada um dos colaboradores”, traçada por meio de métodos de avaliação. “Tivemos como objetivo reduzir ao máximo a possibilidade de, por uma análise apressada ou superficial, perder algum talento”. Ainda questionado sobre a eliminação de 88 trabalhadores, o diretor explica que faz parte do processo de reestruturação da CAB Cuiabá a implantação de tecnologias. “Percebemos uma diferença cultural muito grande entre os trabalhadores e aquilo que a empresa demanda. Muitos deles não tinham perspectivas e nem vontade de crescer, mesmo sob treinamentos. Isso ficava visível quando víamos que nem lidar com e-mails esses trabalhadores sabiam”.

Como defende o diretor, o acordo costurado com a interferência do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Saneamento Ambiental de Cuiabá (Sintaesa), logo após uma greve laboral em março deste ano, dava garantia de emprego a todos remanescentes da Sanecap pelo período mínimo de seis meses, vencido em 18 de outubro, e no máximo nove meses, que venceriam em 18 de janeiro de 2013.

“A estabilidade chegou ao fim no mês de outubro para alguns colaboradores, e seguiria até janeiro para outros. Com o acordo firmado no início de outubro, todo o processo foi unificado sem perdas para os profissionais desligados e todos foram desligados a partir de ontem”, explica Jóffily.

A CAB Cuiabá antecipou aos colaboradores demitidos todos os direitos devidos, incluindo benefícios – que serão repassados monetariamente. Um manual que ajuda no processo de reinserção do profissional no mercado será entregue e alguns profissionais receberão uma consultoria de recolocação. “A partir de agora, cada um terá condições de gerir sua própria carreira, seja pela competência e ou pelo valor que agregará à Companhia”, sentencia. E completa. “Agora a CAB Cuiabá inicia vida nova. Vamos automatizar o processo e transformar a forma de operar, por isso essas vagas eliminadas não serão preenchidas no mesmo volume”.

Jóffily lembra que é meta da concessão universalizar o acesso da população ao abastecimento de água potável nas 24h do dia até abril de 2015 e universalizar a coleta e o tratamento de esgoto da população até abril de 2022. “Serão injetados mais de R$ 500 milhões em cinco anos”.

ACORDO – Garantir direitos trabalhistas em demissões sem justa causa e mais benefícios como vale refeição, vale alimentação, gratificações, assistência médica e acesso ao FGTS exigiu um grande desembolso por parte da CAB, mas por questões de mercado as cifras não foram reveladas pelo diretor. “O preço pago para promover os desligamentos ao mesmo tempo vale pelo benefício gerado”, resume.

O presidente do Sintaesa, Ideueno Fernandes de Souza, frisa que a empresa não está promovendo nenhuma benesse. “O primeiro contato feito pela CAB previa apenas a quitação de todos os direitos trabalhistas e plano de saúde assegurado até janeiro de 2013. Nós incluímos todas as outras garantias, rejeitadas inicialmente pela CAB, mas que com a ajuda do MPT foram homologadas”. Questionado se a medida atende plenamente, Souza disse que esses trabalhadores viviam a insegurança de ser demitidos a qualquer momento. “Pelo menos estão com dinheiro no bolso e podem procurar, com calma, boas colocações, especialmente, na construção civil”.

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