Briga na Justiça por revisão de valores
Aposentados reclamam de queda no padrão de vida
Paciência. Idosos esperam o atendimento por advogados em entidade
mudança nas contas
Quarta-feira é dia de sala de espera cheia na Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro (Faaperj). É o dia de atendimento dos advogados da entidade, e dezenas de aposentados vão em busca de informações sobre processos na Justiça para obter a revisão dos valores de benefícios ou de pedidos de desaposentadoria. Pessoas como Gaudêncio Faustino do Nascimento, de 64 anos, que se aposentou em 1993, com oito salários mínimos, e hoje recebe pouco mais de dois. Ou José Aprígio de Carvalho, de 81 anos, que viu a aposentadoria recuar de sete salários mínimos para apenas três.
– Já tive carro do ano e morei em uma casa grande. Hoje moro num pequeno apartamento em Maricá e o que ganho só dá para comer – diz Carvalho.
Para Cosmo Santana, a redução do benefício foi de oito para quatro salários mínimos:
– Em pouco tempo, todo mundo vai receber só um salário mínimo. Isso porque é um governo que afirma querer acabar com a miséria.
Alencar Dias, de 76 anos, se aposentou em 1992, com benefício de dez salários mínimos. Ele ainda chegou a trabalhar por mais oito anos, mas hoje recebe dois salários.
– Essa redução acontece justamente neste momento em que tenho gastos tão grandes com saúde. Só com um remédio gasto R$ 100 por mês, afirma Dias.
Os casos mostram que o cenário passa longe de ser apenas de alegrias para os aposentados no país. Desde a Constituição de 1988, não há mais reajuste automático das aposentadorias pelo salário mínimo. A lei prevê, no entanto, preservação do valor real do benefício.
Ao mesmo tempo, o salário mínimo tem sido reajustado acima da inflação, ou seja, com ganhos reais. Por isso, sobe mais do que os benefícios que pagam acima do piso.