Exportações – Após um mês de incertezas com a tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros, o Brasil encerrou agosto com um superávit comercial de US$ 6,1 bilhões. O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, comemorou o resultado e defendeu a estratégia de ampliar a presença brasileira em novos mercados.
“É uma vitória para o Brasil. Realizamos 16 encontros empresariais em todos os continentes. Fomos ao Vietnã, Arábia Saudita, China, Espanha, Alemanha, Japão, Angola… Isso nunca havia acontecido”, destacou Viana, lembrando que mais de 7 mil empresários participaram das iniciativas.
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Segundo ele, o país conseguiu abrir quase 410 mercados desde o início do governo, em esforço conjunto com o Ministério da Agricultura, Itamaraty e Ministério do Desenvolvimento.
Estratégias diante das tarifas
O dirigente reconheceu que o tarifaço americano afetou produtos além dos taxados, já que “as tarifas são inexplicáveis” e tiveram “componente político e não comercial”. A medida, segundo Viana, foi influenciada por ações de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Isso gera insegurança . A incerteza faz as pessoas pensarem se vale a pena manter suas relações comerciais”, avaliou.
Para reduzir impactos, a Apex busca expandir a participação brasileira em outros mercados. “Vamos aumentar nossa participação na Austrália. Dias 10 e 11 deste mês vamos para o Canadá, que compra US$ 1 bilhão de café brasileiro. A ideia é ampliar a diversificação: vender mais onde a gente já vende e identificar países sem barreira tarifária”, explicou.
Importância dos EUA
Apesar das tensões, os Estados Unidos continuam sendo considerados fundamentais. “Ninguém abre mão dos EUA. A Apex já tem um escritório em Miami e vai colocar um ponto de negociação em Washington. Não podemos desistir”, disse Viana, que acredita em pressão de setores americanos para flexibilizar as restrições.
Nesse sentido, a agência lançou um programa de R$ 240 milhões para atrair mais de mil compradores estrangeiros e apoiar empresas afetadas pelas medidas. “O Brasil Soberano é um lastro para as empresas. Elas sabem que têm um apoio do BNDES para se manterem”, acrescentou.
Planos na Índia e União Europeia
Entre os novos focos, a Índia aparece como prioridade. “É o país com o maior potencial de crescimento de exportação que temos porque tem a maior população do mundo”, disse Viana. Ele revelou que, a pedido do presidente Lula, a Apex está organizando com o vice-presidente Geraldo Alckmin “o maior encontro empresarial que a gente já fez com a Índia”.
Outro avanço destacado pelo presidente da Apex foi o destravamento do acordo entre Mercosul e União Europeia. “O acordo saiu da Comissão e foi para o Conselho, com perspectiva de assinatura até o final do ano. Será o maior acordo comercial do mundo, US$ 22 trilhões, maior que o PIB da China e quase o dos EUA”, disse.
De acordo com ele, a resistência francesa foi superada com a inclusão de salvaguardas para setores sensíveis, como fundos de socorro ao agronegócio. “O presidente Lula insistiu muito politicamente, conversou com líderes europeus, com o secretário do Conselho da UE, com a presidente da Comissão Europeia. O tarifaço também colaborou para que os blocos criassem um melhor ambiente de comércio”, avaliou.
Mesmo diante dos desafios, Viana reforçou o otimismo. “Mesmo com o tarifaço sendo ruim para o Brasil, não estamos pessimistas quanto ao dia de amanhã”, concluiu.
(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik/mehaniq)