Novas profissões – Arquiteto de conhecimento. Engenheiro de orquestração. Designer de conversas. Líder de colaboração humano-IA. Se esses títulos parecem desconhecidos, é porque são recentes: eles surgiram à medida que empresas recorrem à inteligência artificial (IA) para expandir seus negócios.
De gigantes como Walmart, Salesforce e Workday a consultorias como a KPMG, organizações estão criando vagas específicas para acompanhar a rápida adoção da tecnologia. Há posições totalmente inéditas e outras que atualizam funções tradicionais, agregando novas responsabilidades, segundo as companhias.
LEIA: TST reconhece possibilidade de contrato de experiência para ex-funcionários
Esse movimento ocorre em um contexto de apreensão entre trabalhadores que temem substituições pela IA, alimentado por declarações de executivos sobre o risco de demissões em massa.
Segundo especialistas e empregadores, o cenário atual inaugura uma nova era do trabalho, em que humanos passarão a usar ou interagir lado a lado com sistemas de inteligência artificial.
“Essa é uma dinâmica fundamental de uma nova tecnologia que se espalha pela economia”, afirmou Mark Muro, pesquisador do instituto Brookings, ao comentar o surgimento desses títulos profissionais. “Alguns desses cargos provavelmente serão becos sem saída, outros terão muito mais importância do que se imagina, e há alguns ainda que nem conseguimos conceber.”
Dados do LinkedIn mostram que aproximadamente 20% dos norte-americanos ocupam hoje funções que não existiam no ano 2000. Agora, com o avanço da IA generativa, essa transformação se acelera — ainda que não existam padrões claros para nomear ou descrever essas vagas. Um único posto técnico pode ser divulgado com mais de 40 títulos diferentes, aponta a plataforma.
“Já temos IA há bastante tempo, mas nunca tantas pessoas a usaram em tamanha escala”, disse Kory Kantenga, chefe de economia do LinkedIn para as Américas. “Por isso, as empresas precisam de novas funções para acompanhar as transformações”, afirmou.
Ruth Hickin, vice-presidente de inovação na força de trabalho da Salesforce, conta que a empresa “cria novos cargos o tempo todo”. “Parte disso vem da estratégia corporativa, mas muito se deve à forma como a tecnologia está mudando o trabalho”, falou.
Confira alguns dos cargos que podem se tornar cada vez mais comuns no mercado de trabalho:
Cargos voltados à experiência do usuário
Essas posições focam no desenvolvimento e na melhoria da relação entre clientes e produtos digitais.
• Designer de conversas com IA: Responsável por definir linguagem, fluxo e “personalidade” das interfaces inteligentes. Na Salesforce, exige domínio em engenharia de prompts, roteirização e psicologia do usuário.
• Arquiteto de conhecimento: Determina o que um agente de IA sabe, como age e sua precisão. Na KPMG, é necessário dominar gráficos de conhecimento e estruturação de dados.
• Designer de interação: Modela as relações entre pessoas e sistemas de IA, promovendo confiança e colaboração. A KPMG pede experiência em design conversacional e explicabilidade de decisões de IA.
• Engenheiro de arte em IA: Envolve posições como artista de IA ou artista de produção. Na CoCreativ, usa IA para criar conteúdo visual estratégico e alinhado a marcas.
• Engenheiro de prompts: Profissão recente e em expansão. A Adobe, por exemplo, buscou um profissional para desenvolver comportamentos de agentes e otimizar comandos para usos específicos. Requer experiência em produtos de IA e conhecimento dos limites dos grandes modelos de linguagem.
Cargos para operações e força de trabalho
Funções ligadas ao funcionamento interno das empresas e à gestão de equipes.
• Líder de colaboração humano-IA: Define como humanos e sistemas inteligentes atuam juntos. Na Salesforce, é preciso experiência em mudança organizacional e gestão estratégica.
• Estrategista de adoção: Em desenvolvimento na KPMG, garantirá a integração dos agentes às estratégias corporativas e à cultura interna. Pede domínio de transformação de processos, comunicação e princípios éticos da IA.
Cargos técnicos
Responsáveis pela criação e sustentação de modelos e produtos inteligentes.
• Arquiteto de uso responsável de IA: Focado em salvaguardas e boas práticas. Na Pinterest, exige pós-graduação e experiência em projetos multidisciplinares.
• Engenheiro de orquestração: Integra diferentes agentes e ferramentas para funcionarem de forma coordenada. A KPMG busca profissionais com experiência em gestão de contexto e confiabilidade.
• Engenheiro de IA: Cada vez mais presente fora do setor tecnológico. A Best Buy abriu vaga para desenvolver soluções escaláveis, exigindo formação técnica e domínio de Python e SQL.
• Arquiteto de IA: Gerencia a infraestrutura técnica de IA, incluindo dados e nuvem. Na Salesforce, pede conhecimentos de arquitetura de sistemas e governança de dados.
• Anotador de dados: Função antiga que voltou a crescer com a IA. Envolve rotulação e categorização de informações para treinar modelos.
Cargos de supervisão
Lideranças que coordenam equipes especiais com foco em IA.
• Chefe de IA: Conduz iniciativas de inteligência artificial. Na Workday, supervisiona inovações e soluções especializadas, combinando visão de produto e liderança técnica.
• Gerente de operações de agentes: Em criação na KPMG, acompanhará desempenho dos agentes, falhas e atualizações constantes.
• Vice-presidente sênior de estratégia de IA: Na Workday, traça o rumo da empresa no uso da tecnologia e apoia clientes na adoção.
• Vice-presidente executivo de IA: O Walmart instituiu duas posições voltadas ao avanço da IA: uma para produto e design, outra para plataformas inteligentes, com foco em produtividade e inovação.
(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik/dasun404malaka)












