A 592 dias da Copa do Mundo de 2014, quase 90% do dinheiro investido em obras pelo governo de Mato Grosso para o evento em Cuiabá se refere à construção da Arena Pantanal.
Sem contar o novo estádio, o valor destinado até o momento ao prometido legado da Copa soma um montante inferior ao que já foi gasto para a manutenção das estruturas da antiga Agecopa e da atual Secopa.
Os números foram obtidos pelo DIÁRIO por meio de um levantamento nos registros do Fiplan, o sistema integrado de planejamento, contabilidade e finanças do governo estadual.
De acordo com dados encaminhados pela Secopa ao Tribunal de Contas em setembro, 21 obras de mobilidade urbana estão em execução em Cuiabá e Várzea Grande.
O Fiplan mostra que, apesar da promessa de adoção de um ritmo acelerado nas obras após o fim do período de chuvas, o total desembolsado em medições destas intervenções até outubro soma pouco mais de R$ 27 milhões.
O valor é inferior à soma de gastos contabilizados com pessoal (efetivo, comissionado e terceirizado) e encargos sociais, material de consumo, passagens aéreas, diárias e consultorias diversas desde a criação da antiga Agecopa em 2009: R$ 30 milhões.
Para as obras da Arena Pantanal, conduzidas pelo consórcio que reúne as empreiteiras Santa Bárbara e Mendes Junior, já foram destinados, segundo os registros do Fiplan, R$ 204 milhões. O valor corresponde a 48% do valor do contrato: R$ 420 milhões.
Na média das outras obras, o percentual pago corresponde, em média, a 24% do previsto. No caso do complexo de trincheiras e viaduto da avenida Miguel Sutil, as medições pagas correspondem, em média, a 16% do total previsto.
Em julho, a Secopa admitiu que o cronograma das obras do complexo foi prejudicado por questões como as interferências de redes de água e esgoto, além de um período de chuvas prolongado.
Os registros do Fiplan ainda não apontam pagamentos relacionados às obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), já iniciadas em quatro frentes de trabalho em Cuiabá e Várzea Grande.
A obra, orçada em R$ 1,4 bilhão, chegou a ser paralisada duas vezes por ordem da Justiça Federal e inclui a construção de trincheiras, viadutos e pontes nos dois eixos do novo modal.
NORMAL – Questionado pelo DIÁRIO, o secretário Maurício Guimarães (Secopa) disse que o levantamento dos valores pagos até o momento “não é o melhor parâmetro” para avaliar o andamento das obras.
“Existe um cronograma de execução e outro de desembolso de verbas. Nós estamos cumprindo ambos sem qualquer problema”, assegurou o secretário.
Segundo ele, as primeiras etapas das obras de mobilidade urbana são complexas, mas demandam “mais tempo do que dinheiro”. “Tanto é que somente agora estamos de fato em busca de um número maior de trabalhadores. De agora em diante, a tendência é que as medições apontem valores crescentes.”
TCE – O Tribunal de Contas de Mato Grosso anunciou esta semana que foi adiado o prazo para apresentação do relatório sobre a situação de todas as obras que estão ou serão executadas em Cuiabá e Várzea Grande por conta da Copa do Mundo de 2014. A equipe de auditoria solicitou mais 15 dias para conclusão dos trabalhos, que deveria ter acontecido na sexta-feira (26).