O aumento de 1,15% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) entre o segundo e o terceiro trimestres, após os ajustes sazonais, reforçou as expectativas dos economistas de expansão ao redor de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) do período, na mesma base de comparação – mais que o dobro da alta de 0,4% contabilizada no segundo trimestre, frente ao anterior. O resultado deverá confirmar que a economia brasileira deu sinais de reação à política de estímulos aplicada pelo governo desde o segundo semestre de 2011, ressaltam os analistas.
Na quarta-feira, o Banco Central informou que o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, recuou 0,52% em setembro, na comparação com agosto, na série livre de influências sazonais, número que ficou ligeiramente acima da queda média projetada por oito instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de 0,55%. A retração no mês já era esperada devido às fracas vendas no varejo e à contração de 1% na produção industrial no período. Mas o desempenho negativo, ressaltam os economistas, não se repetirá em outubro, quando são esperados avanços tanto no comércio quanto na indústria. "A economia não está crescendo nem a 0,95% ao mês como visto em agosto, nem está se contraindo a 0,52% ao mês como ocorreu em setembro. Estamos avançando em um ritmo intermediário", diz o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal.
Pelos cálculos da LCA Consultores, o IBC-Br de outubro subirá 0,4% em relação a setembro, feitos os ajustes sazonais, com a produção industrial crescendo 1,2% e o comércio varejista avançando 0,7% no conceito restrito (sem a participação de automóveis e materiais de construção) e 3,1% no ampliado (incluindo automóveis e materiais de construção). Dados de atividade já divulgados amparam a visão dos economistas de que outubro será um mês mais equilibrado, como a produção de automóveis.
"As concessões de crédito também devem subir, porque em setembro foram afetadas pela greve nas agências bancárias. Isso deve impulsionar as vendas de duráveis", diz Alexandre Andrade, da Votorantim Corretora. Ele não descarta a possibilidade de um novo resultado negativo nos próximos meses, já que "a atividade ainda está muito atrelada aos benefícios fiscais", mas ressalta que o importante não é o resultado mensal, e sim a tendência da economia, que, em sua avaliação, mantém-se ascendente. "Existe o risco de soluço quando acabar o corte no Imposto sobre Produtos Industrializados. Mas até lá, a economia já estará fortalecida o suficiente para manter a trajetória de crescimento."
Os economistas consideram a possibilidade de alguma desaceleração no ritmo de crescimento do PIB entre o terceiro e o quarto trimestres, mas esse movimento, segundo eles, não indicaria perda de fôlego da atividade. "A recuperação está se disseminando entre os setores e isso é um ganho de qualidade. A expansão econômica no quarto trimestre será menor porque o efeito do IPI reduzido está se dissipando", diz Andrade.
Mesmo com a ajuda menor do IPI, o consumo, dizem os analistas, continuará puxando a economia até o fim do ano, como nos últimos trimestres. Isso, segundo Leal, do ABC Brasil, não seria problema se o investimento estivesse acompanhando o avanço do consumo. "No terceiro trimestre ainda teremos recuo nos investimentos. Somente no quarto trimestre talvez tenhamos uma mudança."
Em relatório, a LCA projeta expansão intensa para a formação bruta de capital fixo nos três últimos meses de 2012. A expectativa é aumento de 4% sobre o terceiro trimestre, refletindo os estímulos promovidos pelo governo e a melhora na confiança do empresário.
Fonte: Gestao Sindical
