Agente do ChatGPT tenta jogar truco e procurar passagens, mas sucesso é limitado

Grande aposta do mercado de tecnologia, agentes autônomos de IA têm a proposta de servirem como um assistente pessoal do usuário

ChatGPT – Na semana passada, a OpenAI apresentou uma nova funcionalidade no ChatGPT: os chamados agentes, que prometem ir além das respostas tradicionais e passar a realizar tarefas completas em nome do usuário. Com isso, a plataforma entra de vez na corrida por agentes autônomos, considerados por especialistas como a próxima grande tendência da inteligência artificial.

No setor corporativo, diversas empresas já estão investindo pesado na personalização de agentes para automatizar funções específicas. Durante a Febraban Tech, ouvi de um executivo de um dos principais bancos brasileiros que eles já operam com mais de mil agentes para tarefas variadas. Resta saber se essa multiplicação se sustentará a longo prazo ou se é apenas um movimento impulsionado pelo hype.

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Enquanto isso, gigantes da tecnologia também estão desenvolvendo agentes mais amplos, voltados para o público em geral. Diferente dos modelos voltados para tarefas específicas, esses sistemas têm como meta executar quase qualquer solicitação do usuário.

Avanço dos agentes generalistas

Um dos casos que mais repercutiu recentemente foi o do Manus, um agente criado por uma empresa chinesa. Usuários relataram que ele foi capaz de executar tarefas que vão desde análise de dados até a construção de protótipos de aplicativos – tudo com uma interface simplificada e versátil.

A OpenAI decidiu entrar nessa disputa integrando funcionalidades anteriores – como o Operator e o Deep Research – dentro do próprio ChatGPT. Agora, basta digitar um comando no chat e o agente é ativado para realizar a ação.

Entre os exemplos apresentados pela empresa estão tarefas como: “verifique minha agenda e traga atualizações de clientes com base em notícias recentes”, “planeje e compre os ingredientes para um café da manhã japonês para quatro pessoas” e “analise os concorrentes e monte uma apresentação”.

Para isso, o agente monta um ambiente virtual que inclui navegador de internet, sistema para rodar códigos e realizar ações como login e autorização. Tudo isso com um objetivo: finalizar a tarefa proposta, mesmo que nem sempre com sucesso.

Jogando truco

O colunista Diogo Cortiz, do portal Tilt do Uol, teve a oportunidade de testar a ferramenta. O primeiro desafio proposto por ele foi incomum: fazer o agente jogar truco online. Inspirado por uma reportagem da Wired que mostrava o agente jogando xadrez, o colunista adaptou a ideia para um clássico brasileiro de cartas.

O comando enviado foi: “jogar uma partida anônima de truco no site https://trucoon.com.br/”. Em segundos, uma janela do navegador abriu dentro do próprio ChatGPT, e o agente começou a interagir com o site. Enquanto o cursor do mouse se movia, o sistema descrevia o que estava “pensando” ou executando.

O agente entrou na sala de jogo, iniciou uma partida e, para surpresa do colunista, demonstrou conhecimento das regras do truco, chegando a explicar suas estratégias durante o jogo.

Quanto ao resultado, o agente perdeu todas as rodadas. Em algumas jogadas, o raciocínio foi coerente; em outras, pareceu não compreender o momento adequado para agir. No entanto, o objetivo principal não era vencer, mas sim verificar se o agente conseguiria acessar e jogar de forma autônoma — e isso, mesmo com certa lentidão, ele conseguiu.

Um desafio mais difícil: procurar passagens aéreas

Em seguida, o colunista propôs uma tarefa mais cotidiana: encontrar passagens aéreas para uma viagem. O agente ativou o navegador e começou a visitar diversos sites de busca de voos. Em pouco tempo, já havia acessado mais de dez plataformas diferentes.

Entretanto, após cerca de meia hora, o agente ainda navegava sem sucesso, alternando entre páginas sem concluir a tarefa. Enquanto isso, o colunista encontrou a informação manualmente em apenas 20 segundos.

O resultado desse teste demonstrou que o “ChatGPT Agent” parece mais um protótipo do que um produto finalizado. A impressão foi a de que ele foi lançado prematuramente, apenas para marcar presença no campo dos agentes autônomos.

Também ficou evidente que, para que essa tecnologia avance, os sites precisarão se adaptar. Será necessário desenvolver interfaces não apenas para usuários humanos, mas também para máquinas. Esse novo paradigma já tem até um nome: Agentic Web.
O futuro em construção

Apesar das expectativas iniciais, ao final dos testes, ficou claro para o colunista que o agente ainda precisa evoluir significativamente para cumprir a promessa de ser um assistente pessoal capaz de executar tarefas complexas com eficiência.

Apesar disso, mesmo com erros e limitações, o “ChatGPT Agent” oferece uma prévia concreta de um futuro próximo, no qual inteligências artificiais autônomas terão um papel cada vez mais ativo em nossas rotinas digitais.

(Com informações Uol)
(Foto: Reprodução/Freepik/EyeEm)

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